Papa Francisco doa equipamentos para Hospital São Francisco

Dom Orani: “É uma alegria ver a benevolência do Papa ao enviar respiradores para muitos países”

di Carlos Moioli
Arquidiocese del 04 Settembre 2020

Segundo país mais afetado pela pandemia, o Brasil contou com um reforço singular no combate ao coronavírus. Além de interceder pelos brasileiros e por todo o mundo, o Papa Francisco fez a doação de 24 equipamentos de saúde para seis hospitais brasileiros, enviados pela Esmolaria Apostólica do Vaticano através da empresa Hope Onlus Association. Na Arquidiocese do Rio de Janeiro, a unidade contemplada foi o Hospital São Francisco na Providência de Deus (HSF), na Tijuca, que recebeu quatro ventiladores e um aparelho de ultrassom. A instituição de saúde foi visitada pelo pontí ce, em 2013, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude.

“Agradecemos e rezamos na intenção de todos os benfeitores que tornaram possível a doação desses equipamentos. Graças à intercessão do Papa Francisco e a sua preocupação com o mundo inteiro, muitos lugares recebem esses aparelhos, inclusive o Brasil. Também nós, do Rio de Janeiro, fomos contemplados, através da Hope Onlus Association, que tem trabalhado para responder aosapelosdoSantoPadre”, a rmou o cardeal.

A entrega o cial dos aparelhos aconteceu durante uma cerimônia na praça do hospital, seguida de missa presidida pelo arcebispo do Rio, Cardeal Orani João Tempesta, na manhã do dia 30 de agosto.

“O Santo Padre tem atuado em várias frentes no mundo inteiro, com doações em dinheiro ou equipamentos, conforme a necessidade. Os respiradores são aparelhos que o pontí ce tem enviado para muitos países. É uma alegria poder ver a benevolência do Papa e da empresa Hope, a qual nanciou os aparelhos”, disse.

Na local, também estiveram presentes os emissários do Papa Francisco e repre- sentantes da Hope, Paolo Tachine e Antonio Guizzetti. “Essa é uma história de solidariedade com três protagonistas importantes: os bispos do Brasil, que evidenciaram necessidade de equipamentos para o país; o Papa Francisco, que entendeu a solicitude dos bispos, e a Hope, que foi o instrumento operacional para realizar essa missão. Agradeço os benfeitores italianos que possibilitaram a compra das máquinas mais sofisticadas do mercado. Esses aparelhos podem ajudar a salvar vidas; isso para nós é uma alegria.

Além disso, esse é um hospi- tal que faz muito com pouco. Agradeço a todos pela ajuda que é muito preciosa para o Rio de Janeiro”, apontou Guizetti.

TEMPO DE MILAGRES

Representando o corpo clínico do hospital, o médico Pedro Tibúrcio destacou que “por meio de equipamentos, os pacientes terão a saúde garantida, mas através de pessoas, terão a experiência contínua do amor. Recebemos, com muita alegria, os aparelhos e nos comprometemos em transformar ainda mais a saúde neste hospital. Esses aparelhos signi cam que não podemos parar, que fomos lembrados disso por um Papa tão querido que tem transformado o mundo. Portanto, também nós, no dia a dia, temos de transformar para melhor o que fazemos. A pandemia nos trouxe muitas tristezas, perdemos pessoas e mexemos com realidades que não esperávamos. Mas ela também nos fez dar o melhor de nós mesmos: quando não tínhamos aparelhos ou me- dicamentos, demos o nosso jeito e fizemos acontecer. E descobrimos que o que importa mesmo é o humano, e que em cada humano há presença

contínua de um Deus que não se cansa de fazer milagre. O milagre são esses aparelhos”, completou.

Para o diretor do Hospital São Francisco, frei Paulo Batista, a doação é uma con rmação da missão do hospital e do carisma dos membros da fraternidade.

“Isso reforça o nosso coração o sentido de ser Igreja. Não somos um hospital isolado ou um mero local de assistência, mas, sobretudo, uma ação evangelizadora. Quando o Papa nos escolhe, ele con rma nosso carisma, nossa ação e nos con- vida a sermos melhores ainda como evangelizadores na área da saúde”, disse.

Frei Paulo também recor- dou os primeiros passos da pandemia no hospital. “No mês de março, ainda no início da pandemia, chegamos a ter cinco Centros de Tratamento Intensivos (CTIs), totalizando 50 leitos, todos destinados aos pacientes com Covid. Além disso, quatro andares também foram disponibilizados, tendo, assim, 40 leitos para as unidades em apartamentos e enfer- marias”, lembrou.

Segundo o diretor, a pandemia foi um período de diculdades, porém, repleto de aprendizado. “Esse período de pandemia nos fez sofrer muito, com situações de perdas de amigos, pro ssionais que adoeceram, muitas pessoas que lutaram pela vida e parti- ram. Mas o bonito é ver que os pro ssionais das mais diversas áreas deram o melhor de si, numa assistência humanizada e espiritualizada, e vimos o milagre acontecer, principal- mente o da união e da partilha. Eles se doaram, renunciaram momentos com a família, ns de semana e foram além de um mero cumprimento de horário”, exclamou.

Embora os números da Covid no Brasil ainda sejam alarmantes, frei Paulo sinaliza uma esperança em virtude da redução do número reduzido infectados no hospital. “Atualmente, fechamos vários setores da Covid e outros migraram para a clínica geral e outras atividades. Temos apenas nove pacientes no Setor de Coronavírus e seis pacientes nas unidades. Não signi ca que todos estejam positivados. Estão em tratamento, sendo analisados. Mas isso aponta para uma grande redução no número de casos no hospital”, reforçou.